Ao alcance de todos

Você já deve ter sido surpreendido alguma vez com perguntas do tipo: Qual o futuro do planeta? O que nossa geração vai deixar de herança para as próximas? ou ate mesmo pensando qual o destino do lixo de nossas casas? Na TV, nos jornais, em campanhas publicitárias, nas universidades, elas tem se tornado mais freqüentes, não é mesmo? e não é a toa.

A preocupação tem aumentado por que os efeitos do uso irracional dos recursos que temos, tem provocado danos que nem sempre podem ser consertados. Por isso, as respostas para estes questionamentos não são satisfatórias, mas a reflexão que geram já é um grande começo.

Há uns dias atrás, passando pela banca de revistas, me chamou atenção à reportagem de capa da Revista Super Interessante desse mês: O fim dos oceanos. Trata-se dos efeitos maléficos do uso insustentável de um ecossistema que é fundamental para nossa existência.

Na reportagem soube que a indústria naval promete dobrar sua frota ate 2025, ou seja, cada vez mais navios cargueiros estarão navegando e provocando um ruído de 150 a 195 decibéis, um barulho muito maior que uma britadeira ou um Ipod no ultimo volume. Se isso continuar, por uma concha no ouvido e ouvir o barulho das ondas, trazendo a seção de calmaria, vai deixar de ser a representação do barulho do mar.

O resultado de toda essa barulheira no mar são distorções nos comportamentos dos animais marinhos, que usam a audição para se comunicar e se localizar. Cientistas concluíram que a baleia-azul esta ficando surda (escuta a distancias ate 90% menores que antes), já a Orca esta precisando gritar pra produzir cantos mais longos para ser ouvida. Esses são apenas alguns exemplos, sem levar em conta os efeitos dos testes militares com sonares “caça submarinos”.

Alem de transformar os oceanos em uma grande linha cruzada, outro grande problema relacionado à frota de navios no mar é a introdução de espécies exóticas em ambientes costeiros, através do transporte da água de lastro, usada para dar estabilidade ao navio. Os vetores do cólera e da hepatite são exemplo de doenças que podem ser transportados através da água de lastro. No Peru o vibrião do cólera chegou através da descarga de água de lastro nos anos 90, depois de passar décadas erradicado na América do Sul. O cólera contaminou os frutos do mar ingeridos pela população, registrando-se cerca de 200 mil casos e 10 mil mortes, se alastrando por 14 países.

A pesca indiscriminada fez sumir 90% dos peixes grandes, e isso tem efeito direto na nossa dieta, se considerarmos que no passado os oceanos eram dominados por batalhões de tubarões, bacalhaus, atuns e peixe-espadas, quando essas espécies se extinguirem de vez, serão as espécies de peixes pequenos que estaremos consumindo num futuro próximo, se continuar assim almoçaremos um dia vamos acabar jantando plâncton.

Sabemos que a maioria da população se concentra nas áreas costeiras. Porem, o destino do lixo do continente é os oceanos, trazido pelo escoamento dos rios. Existe um vídeo no YoutTube que mostra a necropsia do estomago de um albatroz, de onde foram tiradas 5 tampinhas, 1caneta, um pedaço de tela e ate uma escova de roupa.

Em 1997 foi descoberta uma área entre o Havaí e a Califórnia, um pouco maior que o estado de Minas Gerais com 3,5 milhões de toneladas de lixo sólido. Esse lixo se concentra lá sobre o feito das correntes marinhas que formam um vórtice nessa região que é chamada de “O grande lixão”. A partir daí surgiram campanhas mais severas de ecologistas contra a poluição, não só por plásticos, que é a maior, mas também por vazamentos de óleos e o despejo de esgotos e fertilizantes.

Um outro agravante, não menos comentado, é o aquecimento global e a emissão de carbono pra atmosfera. 40 % do co2 que existe na atmosfera é absorvido pelos oceanos. Conseqüência disso são águas mais ácidas, que desequilibram o ambiente marinho e levam a morte de espécies marinhas não adaptadas a essas mudanças, como é o caso de algas simbiontes que dão cor aos corais e atuam na alimentação desses organismos. Os recifes são os sistemas mais vulneráveis do planeta e riquíssimos em biodiversidade, já descobrimos susbtâncias que são base da produção de remédios como AZT, coquetel que combate o vírus da AIDS e Acyclovir, que combate a herpes. Muitas outras riquezas podem não chegar a serem descobertas se medidas urgentes não forem tomadas.

A antiga visão, de que os cerca de 70% da superfície da terra que representa os oceanos, são fontes de recursos infinitos e onipotentes, esta sendo deixada de lado, estamos pescando demais, poluindo demais, navegando demais. O pior de tudo isso é não sabermos ao certo as conseqüências e o que ainda pode ser evitado.

Por isso campanhas para substituirmos as sacolas de supermercado, não são inúteis. A essa altura temos que contar com o nosso bom senso e fazer a grande revolução primeiro em nós mesmos, o que pode evitar cenas como as que eu vi nas praias de algodoal, depois da virada do ano, garrafas, latas, sacolas, plásticos, tudo isso na areia para o mar levar. Mostrando que a responsabilidade pelos estragos não é só das grandes industrias, preocupadas em produzir cada vez mais para atender o consumo. Por que não fazer diferente aquilo que está ao nosso alcance????
Aline Crizanto

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